quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Imagens históricas, acontecimentos fantásticos: Mesmo a olimpíada também quer esquecer alguns momentos


Índio humilhado

Jacobus Franciscus Thorpe nasceu em um território indígena e virou herói nacional nos Estados Unidos. Jim Thorpe, como era conhecido, foi o maior nome do esporte de seu país na primeira metade do século 20. Em 1913, um ano depois de se consagrar nos Jogos de Estocolmo (foi ouro no pentatlo e no decatlo), Thorpe foi acusado pelo jornal Worcester Telegram de ter jogado beisebol profissionalmente em 1909 e 1910 em campeonatos estudantis. O jogador teria recebido US$ 2 (cerca de R$ 100 na época) por jogo durante aquelas temporadas. 

A prática do profissionalismo, proibida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), foi admitida por Thorpe, que escreveu carta pedindo desculpas à entidade, que foi implacável e invalidou todos os recordes, vitórias e medalhas do americano. Depois de ser banido do esporte olímpico, Thorpe jogou basquete, beisebol e futebol americano.

Durante décadas, o COI, sob comando do americano Avery Brundage, se recusou a reconhecer os feitos de Thorpe. 'Ignorância não é desculpa', dizia o dirigente. Em 1982, o COI 'devolveu' a Thorpe os títulos e medalhas, 29 anos depois de sua morte.






Guerra em cena

A 1° Guerra Mundial encerrou a chamada Belle Epoque, período na Europa marcado pela prosperidade econômica e social, e trouxe à tona, no lugar de harmonia e felicidade, os dias de terror e caos do primeiro confronto de dimensões planetárias no século 20. No âmbito esportivo, a guerra não foi menos devastadora. 



Os Jogos de 1916, que seriam realizados em Berlim, Alemanha, foram suspensos por conta do conflito, que começou em 1914, após assassinato do arquiduque austríaco Francisco Ferdinando. 





Na foto acima, vemos as delegações na cerimônia de abertura dos jogos da Antuérpia, na Bélgica (1920). Após 8 anos os jogos voltaram a ser disputados, ainda sob a recente depressão pós I guerra, e como a Alemanha estava arrasada, os jogos planejados para Berlim em 1916 tiveram de ser adiados.

Ao lado, o britânico Albert Hill vence os 800 metros na Bélgica / Fotos: Getty Images







Jogos do nazismo

A interferência da política no esporte acontece desde os primeiros Jogos modernos. Mas em nenhuma outra Olimpíada o esporte foi mais utilizado como instrumento de propaganda política como nos Jogos de Berlim, em 1936.

Aquele evento foi o palco escolhido pelo Partido Nazista, liderado por Adolf Hitler, para exibir a força do povo alemão. A filosofia ariana colocava os germânicos como herdeiros da civilização grega, em especial no que dizia respeito à força e beleza de seus cidadãos.

A propaganda nazista, baseada no culto ao corpo e à saúde, nos moldes do ideal espartano de perfeição, viu nos Jogos a oportunidade perfeita para vender o sucesso do país para o mundo. 'Entre as raças inferiores, os judeus não representam nada em termos de esporte', dizia o jornal nazistaDer Angriff. 'Eles são piores até que os negros'. 


O americano Jesse Owens acabou com as pretenções Nazistas e superioridade ariana. Com 4 medalhas de ouro, arrancou aplausos até mesmo do Fürher alemão. Fotos: Getty Images




Mulher homem

A polonesa Stanisława Walasiewicz (conhecida também como Stella Walsh) foi das melhores atletas de sua época e venceu duas medalhas olímpicas, ouro em Los Angeles, em 1932, e prata em Berlim, em 1936. Ambas nos 100 m rasos.

Walasiewicz, de traços femininos discretos, era famosa por sua virilidade e por nunca se despir em frente a outras competidoras nos vestiários. Atitude que intrigava a muitos, mas não levava a nenhuma conclusão sobre o que havia de errado com a atleta.

Em 1969, após a morte de Walasiewicz, descobriu-se que a polonesa tinha uma genitália masculina. A descoberta, que chocou o mundo do esporte, veio junto com a informação de que a polonesa tinha tanto pares de cromossomos XX como pares XY, de maneira que não se pode decidir se Walsh era fato homem ou mulher.

 Orgulho negro punido


A aprovação pelo presidente Lyndon Johnson da Lei dos Direitos Civis, em 1964, garantindo aos negros, entre outros direitos, o do voto, gerou reação por parte de setores racistas da sociedade americana, criando grande instabilidade social entre brancos e negros nos EUA e estimulando extremismo de ambas as partes.

Um dos movimentos mais importantes na luta dos negros por direitos iguais na sociedade americana era o Black Power, que estimulava o orgulho e a manutenção da cultura negra. Entre os que se alinharam aos Black Power estavam os americanos Tommie Smith e John Carlos, medalhistas de ouro e bronze, respectivamente, nos 200 m rasos na Cidade do México, em 1968.

No pódio daquela prova, os dois ergueram os punhos direitos fechados, fazendo a saudação do Black Power, durante a execução do hino dos Estados Unidos. Como conseqüência, os dois foram expulsos dos jogos e suspensos da Vila Olímpica pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional, Avery Brundage. Em 1936, Brundage já presidia o COI e não puniu as saudações nazistas na Olimpíada de Berlim.



Massacre de Munique

Aproximava-se das 5h da manhã quando quatro membros do grupo terrorista Setembro Negro invadiram o prédio onde se alojavam 21 membros da delegação israelense na Vila Olímpica, em Munique (1972).

A agressão, um dos ataques terroristas mais lembrados da história, resultou na morte de 11 membros da delegação israelense e um policial alemão.

O ataque terrorista nada tinha a ver com o esporte e eram motivados pelo sentimento de ódio e violento antagonismo do grupo contra os israelenses, depois da criação do Estado Judeu de Israel no território da Palestina, em 1949.  

Política volta a entrar em cena

Em 1980, o presidente americano Jimmy Carter impôs o boicote americano aos Jogos de Moscou, alegando protesto contra a Invasão soviética ao Afeganistão, em 27 de setembro de 1979.

A ação de Carter, com motivação estritamente geopolítica, causou impacto profundo no esporte olímpico. Foram 64 os países que se juntaram aos Estados Unidos e deixaram de disputar a Olimpíada. O boicote causou a uma geração de atletas o desperdício do sonho olímpico.


O maior vilão

O canadense Ben Johnson, hoje o mais célebre vilão da história dos Jogos Olímpicos, entrou para história do esporte pela porta dos fundos em 1988, ao ser flagrado no exame antidoping, um dia depois de vencer e quebrar o recorde mundial na prova dos 100 m rasos, com a marca de 9,79s.

Johnson, justificando seu doping, afirmou no ano passado, em entrevista à Rede Globo, que para ser alguém no mundo do atletismo era preciso se drogar. Carl Lewis, que 'herdou' a medalha de Johnson, conquistando o bicampeonato olímpico nos 100 m, nunca foi pego em exames antidoping.


A volta do terror

Na madrugada do dia 27 de julho de 1996, durante um show de rock, uma bomba explodiu no Parque Centenário, em Atlanta, trazendo o terror de volta aos Jogos Olímpicos. Era o primeiro ataque terrorista na Olimpíada desde a invasão à embaixada israelense, em 1972. A explosão causou a morte de duas pessoas e deixou pelo menos 110 feridos.

Avisada por um telefonema anônimo da explosão iminente, a polícia tentou isolar o local e afastar a multidão, mas não houve tempo suficiente.

Assim como em 1972, os ataques abalaram, mas não interromperam os Jogos. O COI decidiu manter o programa das competições, mas deixou as bandeiras hasteadas a meio-pau. Após o ataque, a segurança dos Jogos ficou a cargo do exército dos Estados Unidos. 


O padre Irlandês

Em 2004, o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima liderava a prova da Maratona a seis quilômetros da linha de chegada, quando foi atacado pelo ex-sacerdote irlandês Cornelius Horan.

A interferência de Cornelius prejudicou a corrida de Vanderlei que acabou a prova na terceira colocação, conquistando o bronze. 

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