Relato do acadêmico e atleta de Mas- Wrestling Lucas de Araújo Machado, primeiro brasileiro a competir no mundial de Mas- Wrestling
Este relato é fruto de uma vivência esportiva proporcionada
pela Federação Brasileira de Mas-Wrestling ao campeão brasileiro da categoria absoluto, que
representa o Brasil no campeonato mundial realizado na cidade de Yakutia, na Sibéria
Russa. Durante nosso primeiro dia na Rússia, em Moscou, fomos apresentados a
estudantes de Fortaleza que fazem mestrado na melhor faculdade de educação
física da Rússia, a Universidade Estatal de Cultura Física esporte e turismo da
Rússia (RSUPES&T), visitamos suas estruturas e conhecemos os locais de
treinamento de cada esporte. Ficamos maravilhados, cada modalidade é extremamente
bem equipada e possui uma área de treino gigantesca e o mais curioso, todas com
aparelhos para treinamento com pesos, lá eles acreditam que a base de tudo são
os exercícios com peso, até mesmo nas modalidades de ginástica.
O esporte é
visto de maneira muito séria, em pleno domingo os atletas e seus treinadores trabalhando
pesado, crianças da ginástica sendo extremamente cobradas por seus treinadores
e aceitando todas as criticas, pois lá esporte é algo de muito respeito, muito
diferente do Brasil onde a visão é totalmente amadora, quase lúdica, para tudo.
Durante a visita à Universidade, podemos encontrar medalhistas olímpicos nos
corredores, os próprios estudantes Brasileiros de Fortaleza treinavam com
medalhistas olímpicos. Todos os esportes incluindo lutas são treinados de forma
exaustiva, é a filosofia de parar só quando chegar na perfeição. Também
conhecemos um museu com os equipamentos dos medalhistas olímpicos e grandes
campeões tanto do levantamento de peso como de todos outros esportes, quadros
com fotos das conquistas, e algumas coisas da segunda guerra mundial, é uma
faculdade gigantesca e extremamente estruturada. Na Rússia quase toda população
pratica algum esporte e todos têm grandes públicos, em plena praça vermelha, no
Kremlin, vimos uma feira esportiva onde tínhamos de basquete até campeonatos de
supino, e todos lotados, nenhum esporte é marginalizado lá, novamente ao
contrario do Brasil. Pude inclusive sentir como um campeão é admirado, pois pessoas
pedindo fotos e autógrafos só pelo fato de ser um atleta, mesmo que lá não seja
conhecido, afinal para os russos todos atletas possuem um respeito enorme.
Propagandas de supermercado, água mineral, carro, todas feitas com atletas e
medalhistas olímpicos, o uniforme da Rússia tem um simbolismo muito grande. É
um País com quase nenhuma influencia americana, quase ninguém fala inglês, não
se vê hábitos americanos em quase nenhum lugar, a Rússia tem um jeito próprio.
Chegando
à Sibéria, na província de Yakutia, fomos aguardados no aeroporto com imprensa,
demos entrevistas, tiramos fotos, o povo que estava no aeroporto dando força,
desejando sorte, mesmo sem saber de onde éramos. Recebemos tratamento de atletas
de ponta, um ótimo hotel com comida a vontade, pedimos internet e prontamente
nos deixaram um computador em nosso quarto. Fizemos alguns ensaios fotográficos
para o evento e alguns passeios culturais. O estádio do evento era de primeiro
mundo, com um telão passando todo campeonato em tempo real, sistema de som de
primeira qualidade, pontualidade, o publico extremamente comportado, não
precisava de nenhum policiamento. Independente da nacionalidade o publico
vibrava junto com os atletas, cada atleta era identificado por uma menina local
segurando uma placa com o nome do País. No topo do estádio as bandeiras dos
países participantes, incluindo do Brasil. Fizemos a pesagem e o sorteio das
duplas 2 horas antes do evento começar, onde pesei 135kg. Dos 16 participantes representantes
de todo o mundo (fortes atletas onde o esporte é tradicional, como a Estonia,
Irã, Letônia, Lituânia, Uzbequistão, Bulgária, Azerbaijão, Moldávia, Hungria e
Rússia), fiquei em
10° lugar, uma boa colocação já que os primeiros colocados são até formados num
curso superior e mestrado deste esporte, que é milenar na região e com várias
técnicas, nós brasileiros fomos na cara e na coragem. A premiação era muito
boa, especialmente para os primeiros colocados, o vencedor do
torneio recebeu 400 mil rublos e o cinturão de campeão mundial. Após o evento o público pedia autógrafos,
queria fotos, eu tirei várias fotos com crianças, concedi entrevistas para a
imprensa de todo mundo. É um reconhecimento que acredito que no Brasil vai
demorar a acontecer, já que apenas 2 ou 3 esportes são mais cultuados.
A honra
de participar da competição é enorme, mas eles se sentem mais honrados de nós
irmos lá do que ao contrario, o tratamento é cinco estrelas, é um País que ama
os esportes acima de tudo, as empresas investem muito. Estádios novos pela
cidade, e todos sempre cheios, com pessoas praticando várias modalidades
esportivas. O profissional Vilmar Oliveira foi condecorado lá pelo seu trabalho
de propagar o esporte no Brasil e estamos de portas abertas para o ano que vem,
onde teremos novamente o campeonato Brasileiro e em seguida o mundial. Uma pena
que tudo foi feito pela Rússia e pela Federação Internacional, no Brasil poucas
pessoas tomaram conhecimento deste nosso feito.
É, os alunos da Ulbra Gravataí estão por tudo... Parabéns ao nosso colega !!!!!!!
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