terça-feira, 25 de setembro de 2012

Lei poderá exigir professores de educação física habilitados no Fundamental


Merino afirma que 300 mil crianças são excluídas de atividades físicas
O presidente do Conselho Regional de Educação Física, Eduardo Merino (à esquerda na foto) afirma que 300 mil crianças são excluídas de atividades físicas. A presença obrigatória do profissional de Educação Física nas séries iniciais do Ensino Fundamental foi debatida ontem em audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado. Os encaminhamentos relativos ao tema serão analisados pela Comissão de Educação Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia do Parlamento gaúcho. Depois, o documento com a proposta de lei deverá ser entregue ao governo do Estado. 


Durante a sessão, o deputado estadual Carlos Gomes (PRB), responsável pelo encontro, apresentou dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Cada dólar investido na prática de atividade física resulta em economia de aproximadamente  US$ 2,9 gastos com enfermidades. A sociedade e os agentes públicos precisam reconhecer que a Educação Física é essencial no desenvolvimento corporal e psicossocial, exigindo conhecimentos específicos de um profissional capacitado”, defende o parlamentar.

Atualmente, do 1º ao 4º ano do Ensino Fundamental, as atividades físicas são ministradas por professores não especializados, explicou Eduardo Merino, presidente do Conselho Regional de Educação Física do Rio Grande do Sul. “Isso compromete o desenvolvimento físico e motor. Cerca de 300 mil crianças estão excluídas do processo de iniciação esportiva no Estado, contribuindo para o aumento do sedentarismo e da pandemia de obesidade infantil”, afirma.

“Se queremos medalhas e atletas, temos que investir nas nossas crianças”, observa o presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação Física do Estado, Ubirajara Brites. Segundo ele, estudos científicos recentes que comprovam que a prática de esportes dos três aos seis anos é decisiva até mesmo para a saúde mental. 

O Guia da Educação em Família, lançado recentemente pelo Conselho Federal de Educação Física, define as aulas da matéria como muito mais do que simples atividades corporais. “Por meio dessa disciplina, seu filho desenvolve competências, capacidades e habilidades associadas às dimensões afetivas, cognitivas, sociais, psicomotoras e internaliza valores”, diz o texto da publicação.

Estudo avalia qualificação dos profissionais


Pesquisas realizadas pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) revelam que o ensino de Educação Física do 1º ao 4º ano com professores qualificados interfere positivamente no rendimento escolar. Um dos estudos realizado em três escolas municipais da cidade de Sinimbu, localizada na região Central do Rio Grande do Sul, intitulado A Influência da Prática da Educação Física Ministrada por Profissional de Educação Física no Rendimento Escolar, pode estabelecer parâmetros que auxiliem na obrigatoriedade do profissional especializado. 

Foi pesquisada a relação de alunos de 6°, 7°, 8° e 9° anos do Ensino Fundamental que tiveram aula ministrada por profissional de Educação Física nos anos iniciais e de alunos que tiveram aula com outro profissional não habilitado na área. A conclusão, segundo a professora e pesquisadora do curso de Educação Física da Unisc, Miria Suzana Burgos, é de que o rendimento é mais elevado em todas as matérias (componentes curriculares) a partir do 5° ano.

“Separamos os alunos em dois grupos e analisamos as médias das notas dos que tiveram aulas com professores qualificados e os que não tiveram. Quando existe professor de Educação Física, as médias são muito mais elevadas”, completa. Foram pesquisados 551 alunos em 2007 e 2009.


MARCELO G. RIBEIRO/JC

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