O presidente do Conselho Regional de Educação Física, Eduardo Merino (à esquerda na foto) afirma que 300 mil crianças são excluídas de atividades físicas. A presença obrigatória do
profissional de Educação Física nas séries iniciais do Ensino
Fundamental foi debatida ontem em audiência pública na Assembleia
Legislativa do Estado. Os encaminhamentos relativos ao tema serão
analisados pela Comissão de Educação Cultura, Desporto, Ciência e
Tecnologia do Parlamento gaúcho. Depois, o documento com a proposta de
lei deverá ser entregue ao governo do Estado.
Durante a sessão, o
deputado estadual Carlos Gomes (PRB), responsável pelo encontro,
apresentou dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Cada dólar investido na prática de atividade física resulta em economia
de aproximadamente US$ 2,9 gastos com enfermidades. A sociedade e os
agentes públicos precisam reconhecer que a Educação Física é essencial
no desenvolvimento corporal e psicossocial, exigindo conhecimentos
específicos de um profissional capacitado”, defende o parlamentar.
Atualmente,
do 1º ao 4º ano do Ensino Fundamental, as atividades físicas são
ministradas por professores não especializados, explicou Eduardo Merino,
presidente do Conselho Regional de Educação Física do Rio Grande do
Sul. “Isso compromete o desenvolvimento físico e motor. Cerca de 300 mil
crianças estão excluídas do processo de iniciação esportiva no Estado,
contribuindo para o aumento do sedentarismo e da pandemia de obesidade
infantil”, afirma.
“Se queremos medalhas e atletas, temos que
investir nas nossas crianças”, observa o presidente do Sindicato dos
Profissionais em Educação Física do Estado, Ubirajara Brites. Segundo
ele, estudos científicos recentes que comprovam que a prática de
esportes dos três aos seis anos é decisiva até mesmo para a saúde
mental.
O Guia da Educação em Família, lançado recentemente pelo
Conselho Federal de Educação Física, define as aulas da matéria como
muito mais do que simples atividades corporais. “Por meio dessa
disciplina, seu filho desenvolve competências, capacidades e habilidades
associadas às dimensões afetivas, cognitivas, sociais, psicomotoras e
internaliza valores”, diz o texto da publicação.
Estudo avalia qualificação dos profissionais
Pesquisas
realizadas pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) revelam que o
ensino de Educação Física do 1º ao 4º ano com professores qualificados
interfere positivamente no rendimento escolar. Um dos estudos realizado
em três escolas municipais da cidade de Sinimbu, localizada na região
Central do Rio Grande do Sul, intitulado A Influência da Prática da
Educação Física Ministrada por Profissional de Educação Física no
Rendimento Escolar, pode estabelecer parâmetros que auxiliem na
obrigatoriedade do profissional especializado.
Foi pesquisada a
relação de alunos de 6°, 7°, 8° e 9° anos do Ensino Fundamental que
tiveram aula ministrada por profissional de Educação Física nos anos
iniciais e de alunos que tiveram aula com outro profissional não
habilitado na área. A conclusão, segundo a professora e pesquisadora do
curso de Educação Física da Unisc, Miria Suzana Burgos, é de que o
rendimento é mais elevado em todas as matérias (componentes
curriculares) a partir do 5° ano.
“Separamos os alunos em dois
grupos e analisamos as médias das notas dos que tiveram aulas com
professores qualificados e os que não tiveram. Quando existe professor
de Educação Física, as médias são muito mais elevadas”, completa. Foram
pesquisados 551 alunos em 2007 e 2009.
MARCELO G. RIBEIRO/JC
Nenhum comentário:
Postar um comentário